A Universidade Federal do Pará (UFPA), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Instituto Cultural Vale entregam nesta quinta-feira (2) a primeira etapa do restauro do Conjunto dos Mercedários, um dos mais importantes patrimônios coloniais do Brasil, localizado no centro histórico de Belém. A requalificação do edifício, que já abrigou alfândega e delegacia, representa um avanço estratégico na preparação da capital paraense para sediar a COP 30, em 2025.
Com investimentos que ultrapassam R$ 49 milhões, a intervenção devolve à cidade um espaço que une ensino, pesquisa, cultura e preservação da memória amazônica. A primeira fase já abriga a Faculdade de Conservação e Restauro (Facore) — o primeiro curso de graduação na área em toda a Amazônia Legal —, além do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Patrimônio Cultural (PPGPatri) e do Laboratório de Conservação, Restauro e Reabilitação (Lacore).
Patrimônio histórico e polo de conhecimento
O projeto vai além da restauração física: o complexo passa a integrar atividades acadêmicas, científicas e culturais em diálogo com a sociedade. Estão previstos espaços como a Galeria de Arte da UFPA (GAU), uma livraria especializada em patrimônio e artes, um auditório para 175 pessoas, áreas expositivas e o Museu de Ciências do Patrimônio Cultural, que reunirá descobertas arqueológicas encontradas nas escavações do edifício.
Durante a COP 30, o espaço também receberá a Casa BNDES, ambiente voltado à valorização da cultura local, da biodiversidade e da economia criativa.
“A restauração do Complexo Mercedários reconecta Belém à sua história e valoriza um patrimônio singular no Brasil, único exemplar da arquitetura sacra espanhola da Ordem dos Mercedários no país”, destacou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.
Cultura, ciência e memória amazônica
O diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, ressaltou que o projeto simboliza a união de esforços para valorizar a identidade amazônica. “É uma iniciativa que recupera um patrimônio histórico fundamental e se soma a mais de 100 ações culturais apoiadas pela Vale na região.”
O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, destacou o impacto do projeto: “Cada etapa reafirma a missão da universidade de preservar o patrimônio amazônico, produzir conhecimento e aproximar ciência e sociedade. Não é apenas um restauro, mas um projeto coletivo que projeta Belém para o futuro sem esquecer o passado”.
Próximas etapas e legado
O restauro completo do Conjunto dos Mercedários será concluído até 2027, com a ampliação de usos acadêmicos, culturais e sociais. Até lá, cada fase entregue disponibilizará novos espaços e funções ao público.
O projeto é parte da iniciativa “Resgatando a História”, do BNDES, voltada à recuperação do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e consolida a UFPA como uma referência nacional na preservação do patrimônio da Amazônia.