A morte de Odete Roitman (Debora Bloch) em “Vale Tudo” foi ao ar na noite desta segunda-feira (6) cercada de expectativa. Era o momento que prometia selar o destino de uma das maiores vilãs da história da TV. Mas o que se viu foi uma sequência confusa, incoerente e, para muitos, involuntariamente cômica. Nas redes sociais, o consenso foi imediato: “Vale Tudo” virou uma “corrida maluca” de personagens armados dentro do Copacabana Palace.
“Tem pelo menos seis pessoas armadas dentro do hotel”, ironizou um internauta. Outro resumiu: “Todo mundo virou pistoleiro num dia”.
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A comparação com a versão original de 1988 foi inevitável — e cruel. Naquela época, a morte de Odete foi sutil, cercada de mistério. Ela morre por engano, sem ser alvo direto de ninguém. Havia surpresa, suspense e coerência com a trama. No remake, tudo virou ruído. Do nada, César (Cauã Reymond) decide matar a mulher que é seu passaporte para o poder. Celina (Malu Galli), que jamais planejou um crime, sai de casa armada. E Olavo (Ricardo Teodoro), até então um tipo carismático e bonachão (apesar de 171), de repente vira “sniper”, como zombaram nas redes.
O problema não está apenas no exagero, mas na deturpação dos personagens — algo que fãs e críticos apontaram quase em coro. O público percebeu o quanto a roteirista traiu as bases das figuras que ela mesma vinha construindo. “Manuela Dias trai os próprios personagens”, resumiu um comentário que viralizou. A indignação é a mesma que acompanha boa parte do remake: decisões apressadas, viradas sem sustentação e uma ânsia por fazer barulho sem costurar sentido.
É verdade que a novela, por um instante, voltou a ser o centro da conversa nacional. Mas a comoção não veio pela força da dramaturgia — veio pelo espanto. A audiência se reuniu diante da TV como quem assiste a um desastre em tempo real, entre o riso e o desespero. “Eu tô incrédula com o que estou vendo”, escreveu uma espectadora.
E no meio desse caos, o que salvou a noite foi o que veio depois do capítulo. Na chamada de “Três Graças”, a próxima novela das nove, Grazi Massafera apareceu como Arminda, a nova vilã, reagindo às notícias sobre a morte de Odete Roitman: “Nossa… imagina se essa moda pega”.
Foi uma piada involuntária — e também um alívio. A melhor coisa do capítulo da morte da Odete foi justamente o comercial da novela seguinte. Ironia das ironias: “Vale Tudo” morreu, e quem roubou a cena foi a próxima trama.