Bário, chumbo, crômio e antimônio, foram algumas das substâncias encontradas em brinquedos plásticos comercializados no Brasil. Segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), os objetos que fazem parte da vida de milhões de crianças podem conter altos níveis de toxicidade.
A pesquisa, que foi realizada em colaboração com a Universidade Federal de Alfenas (Unifal), fez a análise de 70 produtos de fabricação nacional e revelou que grande parte dos brinquedos não segue as normas de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e da União Europeia.
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De acordo com Bruno Alves Rocha, pesquisador do trabalho de pós-doutorado apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é preciso uma inspeção rígida desses produtos.
“O país enfrenta grandes desafios para controlar brinquedos importados, especialmente de locais com padrões de fabricação menos rigorosos. Quando quase metade dos brinquedos que analisamos excede os limites para bário, isso é uma evidência direta de que a vigilância de rotina não está funcionando de forma adequada. Precisamos urgentemente de um reforço na fiscalização e de uma vigilância mais ativa e rotineira, com um sistema de controle mais rigoroso e eficiente”, pontuou ele.
O maior perigo apresentado pelo estudo envolve o bário: 44,3% das amostras ultrapassaram o limite permitido, com concentrações de até 15 vezes acima do valor regulamentar. A substancia toxica pode causar problemas como arritmias e paralisias.
O nível de concentração do chumbo também estava quase quatro vezes acima do permitido. Ele pode provocar danos neurológicos irreversíveis em crianças, problemas de memória e diminuição do coeficiente de inteligência (Q.I.)
A análise revelou 21 elementos com potencial tóxico, entre eles: alumínio, arsênio, cádmio, mercúrio, chumbo e urânio. As taxas de liberação variaram entre 0,11% e 7,33%, o que indica que apenas uma fração das substâncias é liberada, mas ainda em níveis preocupantes devido às altas concentrações totais. O estudo reforçou a necessidade de ampliar a fiscalização sobre a produção e importação de brinquedos no Brasil.