Bolsonaristas se rendem à nova Doca e ao Porto Futuro 2

há 2 dias 6

Olha que coisa curiosa — ou debochada, se preferir. Nas redes sociais, aquele universo paralelo onde todo mundo tem opinião formada sobre tudo (inclusive sobre o que não conhece), Belém virou sinônimo de caos desde que foi anunciada como sede da COP30. A cada postagem sobre uma obra nova, lá estão eles, prontos no teclado: “Desperdício de dinheiro!”, “E a periferia?”, “Isso aí é coisa de comunista!” — frases prontas, direto da cartilha da indignação instantânea.

A direita paraense e brasileira assumiu um protagonismo peculiar nessa história. Perfis bolsonaristas, políticos do Sul que nunca pisaram aqui e até blogueiros locais que acham que a cidade acaba no estacionamento do shopping resolveram fazer de Belém seu novo saco de pancadas. É uma gritaria coletiva recheada de preconceitos, ignorância e uma boa dose de preguiça intelectual.

Mas aí vem a parte mais deliciosa dessa crônica: basta a obra ser inaugurada que todo esse ódio evaporado digitalmente vira selfie com filtro “vida boa”. Foi só abrir o Porto Futuro 2 e reformar a nova Doca para que a turma do “#ForaCOP” aparecesse por lá com a família, o cachorro, a lancheira e o cooler. Nos vídeos, a legenda é outra: “Lindo demais esse espaço”, “Belém merece isso”, “Finalmente um lugar decente para passear”.

Engraçado, né? No mundo virtual, é tudo comunismo e desvio de verba. No mundo real, é piquenique no deck com vista para o rio. E os mesmos que diziam que “isso não é prioridade” agora disputam espaço na fila do food truck.

A cidade está cheia — de crianças correndo, idosos caminhando, jovens tirando fotos pro Instagram, casais namorando ao pôr do sol. Gente de todas as cores, classes, idades e orientações. E, sim, muitos deles provavelmente votaram no “mito” e xingaram a COP até ontem. Mas é isso que torna a ironia ainda mais saborosa: obra pública é pública. Pertence a todos, inclusive aos que a detestaram nas redes sociais antes de amá-la no mundo real.

Talvez seja essa a maior lição desse episódio: a internet pode até alimentar discursos prontos, mas a realidade tem um poder transformador. Porque no final das contas, não importa o espectro político — todo mundo quer um lugar bonito para passear no domingo.

E quem diria… os mesmos que pregaram o boicote às obras da COP agora fazem fila para tirar foto em frente ao letreiro de “Belém COP 30”. O ódio tem memória curta. Já a selfie, essa é eterna.

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