Surpresas obscuras

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A Noite do Cometa consegue criar um cenário apocalíptico com poucos recursosA Noite do Cometa consegue criar um cenário apocalíptico com poucos recursos

Desde que “A Saída dos Operários da Fábrica Lumière”, foi projetada em 1895, pelos irmãos Auguste e Louis Lumière, o cinema só cresceu em técnica e amplitude. E foram tantas inovações que o ditado “nada se cria, tudo se copia”, serve muito para as projeções de hoje, mesmo que sejam influências involuntárias.  

E quando a gente pensa que está assistido à uma obra realmente inovadora, é capaz de descobrir que alguém já fez algo parecido antes e que pode ou não ter influenciado o trabalho do outro.

Eu tava pensando nisso assistindo a um filme B disponível na Darkflix, chamado “A Noite do Cometa” (1984). Muito antes de Extermínio, que parecia de vanguarda ao mostrar uma cidade arrasada por uma epidemia zumbi, algumas décadas antes esta pérola oitentista já trazia esse conceito, mas com alguns elementos bem divertidos, ao mostrar duas irmãs tentando sobreviver em um mundo destruído pela passagem de um cometa e que só alguns mortos-vivos sobraram para tentar matá-las.

A primeira coisa a se notar é que é um típico filme anos 80, pela trilha sonora, efeitos especiais e figurino, o que torna uma experiência divertida de assistir. Também é curioso ver que o diretor, Thom Eberhardt conseguiu reproduzir uma cidade vazia, igual Danny Boyle no outro, filmando longas tomadas ao amanhecer. E estabelece uma ótima ambientação para a história, inclusive com uma fotografia alaranjada para a cidade. Sem contar as influências claras de George Romero e Lucio Fulci ali pelo meio, apesar de ter bem poucos zumbis para contar a história (faltou dinheiro, infelizmente).

Era uma época rica de criatividade para o cinema de horror, principalmente entre os slashers e os de zumbis. Uma pesquisa rápida no Google mostra como que aquela década pode ser considerada de ouro para o horror trash.

Claro que tem uns problemas também comuns para a época. A ótica machista, o meio da história completamente enrolado e um final meio abrupto. Também todo o núcleo dos cientistas no bunker é chato e desinteressante. Mas, claramente, temos uma trama original e um terror que tenta fugir do lugar comum, como muitos outros que estão perdidos por aí. Um remake chegou a ser anunciado há alguns anos, mas não saiu do papel. Se vocês têm Darkflix e gostam de uma zoeira trash, eu recomendo.

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