Robinho e Thiago Brennand negam privilégios em Tremembé e criticam livro de Ulisses Campbell sobre rotina no presídio: “Desserviço”; assista Fotos: Reprodução/Conselho da Comunidade de Taubaté

há 1 semana 17

Robinho e Thiago Brennand, presos na Penitenciária de Tremembé, SP, falaram sobre o dia a dia na unidade, negaram privilégios e comentaram sobre ressocialização, em vídeo divulgado pelo Conselho da Comunidade de Taubaté nesta terça-feira (28).

O ex-jogador Robinho e o empresário Thiago Brennand, atualmente presos na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, falaram sobre o dia a dia na unidade e negaram qualquer tratamento diferenciado ou privilégios em relação aos demais detentos. As declarações foram feitas em um vídeo divulgado nesta terça-feira (28) pelo Conselho da Comunidade de Taubaté, entidade sem fins lucrativos ligada ao Poder Judiciário.

“Aqui o objetivo é reeducar, ressocializar aqueles que cometeram erro. Nunca tive nenhum tipo de liderança aqui, nenhum lugar. Aqui quem manda são os guardas, como falei para senhora, e nós, reeducandos, só obedecemos”, garantiu Robinho.

O ex-Seleção Brasileira foi detido em março de 2024, por estupro coletivo, e atualmente cumpre pena de nove anos na chamada “penitenciária dos famosos”. A condenação ocorreu na Itália, mas a sentença foi recebida pela Justiça brasileira após homologação do Supremo Tribunal de Justiça.

Já Thiago Brennand comentou sobre a localização da unidade e a proposta de ressocialização: “Tremembé pra mim é ruim porque é longe de São Paulo, mas é o lugar que me foi recomendado pelas atividades de ressocialização, pelo foco na reeducação”. 

Fotografia de registro de Robinho na Penitenciária em Tremembé (Foto: Reprodução)

O vídeo de quase nove minutos foi produzido em resposta ao livro “Tremembé: O presídio dos famosos”, do jornalista Ulisses Campbell. Segundo o autor, a obra surgiu após “dois anos de investigação e escrita” e retrata a desigualdade dentro do presídio, mostrando “como o choque de classes se materializa entre os muros”: “Presos pobres lavam roupas, limpam celas, cozinham para os mais ricos em troca de pequenas quantias. No topo da cadeia estão ex-juízes, empresários e políticos”.

Nas imagens, além de Robinho e Brennand, aparece a juíza corregedora da 1ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, Sueli Zeraik, que contesta as informações do livro: “Como juíza corregedora há mais de 20 anos das unidades prisionais que são citadas nessa obra, envolvendo pessoas que estão no sistema carcerário ou que já passaram por ele no cumprimento de pena, eu posso seguramente afirmar que os fatos retratados nesse livro não correspondem à verdade”. 

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A magistrada acrescentou que o autor “não chegou sequer a ingressar nas unidades prisionais que ele cita” e “não entrevistou nenhum dos presos que ele menciona como protagonistas ou personagens das histórias que ele conta”. “Até porque para ingressar numa unidade prisional ou para entrevistar algum sentenciado é preciso de autorização judicial e administrativa, que ele não obteve. Portanto, o que ele escreveu foi uma obra de ficção”, completou Zeraik.

Brennand também criticou o livro, classificando-o como um “desserviço”. Segundo ele,  a obra “pinta imagem de um lugar macabro, de uma coisa que não tem nada a ver e que não consegue fazer bem a ninguém”. 

Ulisses Campbell é autor do livro “Tremembé: O presídio dos famosos” (Foto: Reprodução/Youtube)

Robinho alegou que nunca enfrentou problemas com outros detentos e que todos são tratados da mesma forma: “Não sou tratado de forma diferente porque fui jogador de futebol, pelo contrário. Acho que o tratamento é igual para todos os reeducandos aqui. Nunca teve nenhum tipo de briga, estou aqui há um ano e meio nunca vi nenhuma briga, nem no futebol quando a gente tem algum joguinho ali”.

Ele também negou rumores sobre liderança ou problemas psicológicos. “As mentiras que tem saído que sou liderança, que eu tenho problema psicológico, nunca tive isso, nunca tive que tomar remédio, graças a Deus. Apesar da dificuldade que é estar numa penitenciária, normal, mas graças a Deus sempre tive uma cabeça boa e estou fazendo tudo aquilo que todos reeducandos também podem fazer”, garantiu.

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Por outro lado, Ulisses Campbell defendeu o conteúdo de seu livro e contestou a juíza. Ele afirmou ao portal g1 que esteve três vezes nos presídios, inclusive “em 2025 com anuência da SAP justamente para fazer o livro”.

O jornalista disse ainda que confirmou, sob sigilo, uma rivalidade entre Robinho e Brennand e que existem privilégios aos dois, citando visitas de um pastor a Robinho e visitas íntimas de Brennand que, segundo ele, não seriam permitidas. “Talvez eles desconheçam o significado da palavra privilégio”, disse.

Ao comentar sobre as alegações da juíza Zeraik, Campbell afirmou: “Não vou rebater porque ela já deu claros sinais de que não é simpática ao meu trabalho”. 

Robinho foi condenado a 9 anos por estupro coletivo na Itália (Foto: Reprodução/Record)

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O advogado Roberto Podval, que representa Brennand, declarou ao portal que “a obra do Ulisses não passa de pura ficção, ela em nada contribui para o sistema penitenciário e ainda expõe e prejudica desnecessariamente os citados, certamente responderá judicialmente por suas afirmações”.

Assista às declarações:

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