Para quem não se lembra ou quem não tinha nascido na época da primeira versão de “Vale Tudo”, foi realizado um concurso nacional com prêmios em dinheiro para quem acertasse a pergunta mais icônica da teledramaturgia brasileira: quem matou Odete Roitman? A vencedora foi uma adolescente de 14 anos, mineira, Laura Boaventura, que levou cerca de R$ 110 mil da época, mas parte do prêmio sofreu bloqueio pelo Plano Collor. O portal LeoDias te explica agora.
A ideia do sorteio partiu da marca Caldos Maggi e oferecia 5 milhões de cruzados (equivalente a menos de 1 real atualmente) ao telespectador que acertasse o questionamento. A adolescente acertou o palpite: Leila teria assassinado a vilã.
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Em uma recente entrevista para o portal O Tempo, Laura recordou como a brincadeira transformou sua vida e a da família: “Eu assistia à novela com o meu avô e a gente ficava tentando adivinhar. Escrevi três cartas com o nome da Leila e rezava todo dia para ganhar o prêmio e ajudar minha mãe”, disse.
Alguém ouviu as preces da mineira e a família colocou as mãos no dinheiro para pagar a escola, quitar dívidas e comprar um videocassete, sonho de consumo da época. Mas em pouco mais de um ano, parte do prêmio que havia sido guardada na poupança foi bloqueada pelo confisco do Plano Collor, em 1990. Apesar do ocorrido, a mulher disse que não guarda arrependimentos: “Ajudar minha mãe e ver a alegria dela foi o melhor de tudo.”
O caso de Laura se tornou uma das histórias mais curiosas da televisão brasileira, período em que novela, sorte e política se misturaram no imaginário popular. Décadas depois, o mistério da morte de Odete Roitman volta a ficar na boca de quem acompanha o remake de Manoela Dias e será revelado no dia 17 de outubro, último capítulo da novela. E você, já tem um palpite?
Plano Collor
O confisco da poupança que a família de Laura sofreu fazia parte do pacote econômico de Fernando Collor de Mello, que, no dia seguinte à sua posse como presidente da república, em 15 de março de 1990, editou. Foi decretado feriado bancário de três dias, e, quando os bancos voltaram a funcionar, as pessoas faziam fila nas portas das agências, que não tinham dinheiro disponível para cobrir os saques dos clientes.
Na época de pós-redemocratização, os saques nas cadernetas ou na conta-corrente foram limitados a 50 mil cruzados novos. O pacote determinava o bloqueio por 18 meses, com correção e juros de seis por cento ao ano.
Antes desse plano, o país sofria com a hiperinflação, com supermercados remarcando os preços até de madrugada, tanto que o valor dos produtos quase dobrava de um mês em relação ao outro.