Parauapebas, mesmo com 3 ou 4 vereadores, não consegue fazer a oposição que Aurélio Goiano fez

Parauapebas vive uma fase curiosa da sua história política. Mesmo com três ou quatro vereadores se declarando de oposição, nenhum deles, até agora, conseguiu repetir o barulho ou a presença que Aurélio Goiano teve quando era apenas um contra todos.

Nos últimos quatro anos do ciclo de dezesseis em que Darci Lermen esteve à frente da prefeitura, a cidade testemunhou uma das mais intensas oposições que já passaram pela Câmara Municipal. E o curioso é que essa força veio de um único mandato: o de um vereador estreante, eleito pela primeira vez na conhecida “Capital do Minério”, que resolveu vestir o colete de fiscal do povo e ocupar um espaço que muitos julgavam improvável.

Aurélio não se contentou com o papel de figurante. Enquanto outros preferiam o silêncio confortável da base, ele escolheu o enfrentamento direto. Das redes sociais primeiro no Facebook, depois no Instagram às transmissões de plenário, construiu um canal direto com a população. Perdeu perfis, reconstruiu páginas, mudou de equipe inúmeras vezes, mas manteve uma constância rara na política: o tom de oposição.

Foi afastado, voltou, foi afastado de novo e sempre retornava mais ruidoso, mais combativo. Durante esse período, fez campanha para deputado federal em cima do capô de uma caminhonete, sem estrutura, mas com discurso e conquistou 42.726 votos. Teve dificuldade em encontrar um partido que o acolhesse, até que o Avante abriu as portas. E foi o suficiente: venceu a eleição municipal com 92.073 votos, o equivalente a 58,52% dos votos válidos, e virou prefeito de uma das cidades mais ricas do Pará.

Hoje, quase um ano depois, Parauapebas tem oposição formal, mas não tem oposição de impacto. Há vozes, mas com histórico do passado. O que antes era feito por um só, com discursos inflamados e pautas populares, agora se dilui em falas dispersas. A cidade bilionária segue observando: a cadeira de prefeito mudou de dono, mas a de opositor, ao que parece, continua vazia.