O caminho para a sobriedade: como Alcoólicos Anônimos transforma vidas

há 3 horas 4

Muitas pessoas que sofrem de alcoolismo buscam ajuda em irmandades espalhadas pelo mundo, no caso, o Alcoólicos Anônimos, que surgiu nos Estados Unidos na década de 1930. A reportagem do portal LeoDias entrevistou o vice-presidente da Junta de Serviços Gerais, Edelto Tavares Leite, que falou da importância deste tipo de ajuda. Também foi ouvido o secretário-geral do Grupos Familiares Al-Anon, Mateus Gomes, um grupo com a mesma proposta, só que para os familiares de alcoolistas.

Os depoimentos que acontecem no Alcoólicos Anônimos são confidenciais e não podem ser divulgados, mas o vice-presidente afirmou que os membros de A.A. contam como começaram a beber, o que passaram no alcoolismo ativo e como estão vivendo agora sem fazer uso de bebidas alcoólicas.

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Alcoólicos Anônimos do BrasilCrédito: Divulgação A.A.RJ
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Familiares na reunião do Al-AnonDivulgação
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“Alcoólicos Anônimos ajudam os doentes de alcoolismo com a mútua ajuda, ou seja, são os próprios alcoólicos em recuperação que, ao contarem suas experiências, ajudam aqueles que chegam. Assim, vivendo um dia de cada vez e evitando o primeiro gole, encontram a recuperação com o passar do tempo” explicou.

Edelto compartilhou um dos depoimentos mais fortes que ouviu: “Me marcou muito, o desabafo de um membro de A.A. que disse ter cometido muitos delitos quando bebia e que, depois de parar de beber, nunca mais infringiu qualquer lei, graças ao fato de estar sóbrio a cada dia.”

A irmandade conta com o apadrinhamento, uma maneira de receber bem o recém-chegado e ajudá-lo com um apoio sem exigência nenhuma, mas com uma boa amizade e colaboração fraterna.

“As reuniões são abertas e qualquer pessoa é bem-vinda-vinda. O único requisito para ser membro de Alcoólicos Anônimos é o desejo de parar de beber e não há taxas ou mensalidades. Existem, sim, reuniões de propósito especiais para mulheres”, informou.

Edelto participa das reuniões há 38 anos, apenas como um amigo, apoiador, e neste tempo todo, viu o bem que faz à sociedade esta irmandade mundial, que salva vidas e regata famílias, sem cobrar nada de seus membros.

Famílias que são ajudadas

O secretário-geral do Grupos Familiares Al-Anon, Mateus Gomes, falou da importância do grupo para as famílias que acabam sofrendo com as vítimas do alcoolismo.

“Os assuntos que muitos familiares trazem às reuniões de Al-Anon ou Alateen, geralmente estão ligados às fases do processo de adoecimento da família, como a negação. Os alcoólicos – e até mesmo os próprios familiares – negam que tenham um problema e que precisam de ajuda. O alcoólico promete inúmeras vezes que nunca mais vai voltar a beber. Ao aceitar suas inúmeras promessas, os familiares também estão negando o problema”, afirmou o secretário-geral.

Mateus contou como o grupo surgiu: “O Al-Anon nasceu de Alcoólicos Anônimos. Os familiares de alcoólicos perceberam que também precisavam de um caminho para lidar com os efeitos do alcoolismo em suas próprias vidas e sentiram a necessidade de praticar o programa dos Doze Passos adaptados de Alcoólicos Anônimos.”

Conforme ele, a recuperação no Al-Anon se dá por meio do compartilhar de experiências entre os membros. Esse compartilhar é protegido pelo anonimato: o que é dito em uma reunião de Al-Anon ou Alateen não pode ser comentado com pessoas que não estavam presentes à reunião.

“A recuperação também ocorre por meio da literatura Al-Anon, que reúne depoimentos de familiares e amigos de alcoólicos que colocaram em prática o programa de recuperação, oferecido por meio dos Doze Passos, no mundo inteiro. Ler e ouvir essas experiências ajuda a perceber algo muito importante: que essas pessoas não estão sozinhas. E mais: é possível encontrar serenidade, mesmo convivendo com um doente alcoólico”, disse.

Participando das reuniões, os familiares e amigos alcoólicos descobrem que não há nada que possam fazer diretamente que “forçará o alcoólico a parar de beber”, pois a compulsão ocasionada pela doença do alcoolismo necessita de um primeiro passo, rumo à sobriedade, que apenas o alcoólico pode dar.

“Mas os familiares descobrem que, ao praticarem o programa Al-Anon, conseguirão deixar de fazer parte do “carrossel da negação” – que é a imagem do que significa a convivência em um lar alcoólico, sem a ajuda do programa de recuperação. A saída da família dessa situação, por vezes deixando de ser a facilitadora, pode muitas vezes motivar o alcoólico a buscar ajuda e iniciar seu próprio processo de recuperação”, continuou.

Atualmente, o Al-Anon está presente em 24 estados e no Distrito Federal, contando com 319 grupos presenciais. Também é possível ter acesso a reuniões em qualquer dia da semana, por meio de um dos 16 Grupos Eletrônicos que realizam reuniões em língua portuguesa.

“Os Grupos Familiares Al-Anon são uma associação de familiares e amigos de alcoólicos que compartilham experiência, força e esperança para resolver problemas que têm em comum. Nós acreditamos que o alcoolismo é a doença da família e que uma mudança em nossas atitudes pode ajudar na recuperação”, declarou.

O Al-Anon não está ligado a nenhuma seita, religião, movimento político, organização ou instituição; não se envolve em qualquer controvérsia, nem endossa ou se opõe a qualquer causa. Não existem taxas para ser membro. O Al-Anon é autossuficiente, por meio das contribuições voluntárias de seus próprios membros. O Al-Anon tem apenas um propósito: prestar ajuda a familiares e amigos de alcoólicos.

Ajuda para adolescentes

Mateus também destacou os Grupos Alateen, que fazem parte do Al-Anon. Eles foram criados em 1957 para adolescentes de 13 a 19 anos que convivem com o alcoolismo na família ou entre amigos. O Alateen oferece a esses adolescentes um espaço seguro para compartilhar suas experiências”.

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