A líder da oposição venezuelana María Corina Machado dedicou o Prêmio Nobel da Paz de 2025 ao povo da Venezuela e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma mensagem divulgada logo após o anúncio do comitê norueguês nesta sexta-feira (10/10). A decisão consagra a engenheira industrial de 57 anos como a primeira venezuelana e sexta latino-americana a receber a mais alta honraria mundial pela promoção da paz.
Em suas redes sociais, Machado afirmou que o prêmio representa o reconhecimento da “luta de todos os venezuelanos” pela liberdade e um estímulo para seguir enfrentando o regime de Nicolás Maduro, que governa o país desde 2013. “Dedico este prêmio ao povo sofredor da Venezuela e ao presidente Trump, por seu apoio decisivo à nossa causa”, escreveu a opositora, que vive na clandestinidade desde 2024, após ser impedida de disputar as eleições presidenciais.
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Em um discurso emocionado, Machado afirmou que o Nobel simboliza o “impulso final” para a transição democrática. “Estamos no limiar da vitória e, hoje mais do que nunca, contamos com o presidente Trump, com o povo dos Estados Unidos, com os povos da América Latina e com as nações democráticas do mundo como nossos principais aliados para alcançar a liberdade e a democracia”, declarou.
A mensagem ecoa sua trajetória marcada pela resistência pacífica e pela defesa de eleições livres na Venezuela. Desde 2024, Machado apoia Edmundo González Urrutia, ex-embaixador e candidato opositor que, segundo ela, venceu as eleições presidenciais contra Maduro; resultado não reconhecido pelo governo.
O Comitê Norueguês do Nobel justificou a escolha destacando que Machado demonstrou que “as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz”. O comunicado ressaltou que “quando líderes autoritários tomam o poder, é essencial reconhecer os defensores da liberdade que se erguem e resistem”.
Descrita pelo comitê como uma das “vozes mais corajosas da América Latina”, María Corina Machado é fundadora do movimento Súmate, criado há mais de 20 anos para fiscalizar eleições e promover o voto livre na Venezuela.
Mesmo após perseguições, bloqueio de candidatura e ameaças de prisão, ela permaneceu no país e se consolidou como o principal rosto da oposição ao chavismo.
A cerimônia de entrega do prêmio será realizada no dia 10 de dezembro, em Oslo, na Noruega. Ainda não se sabe se Machado poderá comparecer, já que seu paradeiro atual é mantido em sigilo por razões de segurança.
Com o Nobel da Paz, Machado se junta a líderes latino-americanos como Rigoberta Menchú, Adolfo Pérez Esquivel e Juan Manuel Santos, reforçando o protagonismo da região em lutas por direitos humanos e democracia.
Reação de Trump e críticas da Casa Branca
Nos Estados Unidos, a premiação causou reações opostas. Embora Donald Trump tenha sido citado por Machado, a Casa Branca demonstrou frustração com a decisão. O porta-voz Steven Cheung afirmou que o comitê “prioriza a política acima da paz”, insinuando que o presidente merecia o prêmio por seu suposto papel em negociações internacionais.
Trump, que havia feito campanha informal pelo Nobel, afirmou recentemente que “não receber o prêmio seria uma ofensa aos norte-americanos”.