O dirigente Khalil al-Hayya, integrante da alta cúpula do Hamas, anunciou nesta quinta-feira (9/10) que o confronto com Israel chegou ao fim. Segundo ele, o grupo recebeu garantias dos Estados Unidos e de mediadores árabes para a implementação de um cessar-fogo duradouro. O anúncio ocorreu após a assinatura do acordo de paz mediado por Washington, Egito, Catar e Turquia, na quarta-feira (8/10), que marca o início de um processo de reconstrução em Gaza após dois anos de conflito.
Segundo o líder, a primeira fase do tratado, firmada no Egito, inclui a libertação de todos os reféns israelenses mantidos pelo Hamas desde outubro de 2023 e a soltura de cerca de dois mil prisioneiros palestinos, entre eles 250 condenados à prisão perpétua. Também está prevista a redução das operações militares israelenses dentro da Faixa de Gaza e a entrada diária de comboios humanitários com alimentos, água e medicamentos.
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Abrir em tela cheiaEm seu pronunciamento, al-Hayya afirmou que “Israel e o Hamas chegaram a um acordo para encerrar a guerra e a agressão” contra o povo palestino e destacou que o plano abre caminho para “uma paz sustentada”, com a abertura da fronteira com o Egito e maior presença internacional na região. Ele sobreviveu, em setembro, a um ataque israelense contra alvos do Hamas no Catar e vem atuando como principal negociador do grupo nas tratativas lideradas pelos Estados Unidos.
O acordo de paz é resultado direto da iniciativa apresentada no fim de setembro pelo presidente Donald Trump, que afirmou que Israel e o Hamas teriam aceitado o acordo. O plano americano estabelece um cronograma de 72 horas para a libertação dos reféns e prevê que o Hamas entregue os corpos de vítimas que morreram em cativeiro. Esse ponto, porém, ainda gera incertezas: de acordo com a imprensa israelense, o grupo admite não saber a localização de todos os corpos, o que deve atrasar parte do cumprimento do tratado.
Em paralelo, o governo da Turquia anunciou nesta quinta-feira (9/10) a criação de uma força-tarefa internacional para ajudar o Hamas a localizar os corpos desaparecidos. O grupo de trabalho contará com autoridades turcas, americanas, egípcias, catarinas e israelenses. Estima-se que 28 dos 48 reféns restantes estejam mortos, e pelo menos 6 corpos seguem sem paradeiro conhecido.
As Forças de Defesa de Israel informaram que o cessar-fogo entrará em vigor em até 24 horas após a aprovação final do gabinete de segurança, que se reúne em Jerusalém para ratificar o acordo. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu celebrou o resultado das negociações, classificando o tratado como “uma vitória moral e diplomática de Israel”.
Apesar do avanço, persistem dúvidas sobre a transição política em Gaza. O plano americano prevê que o território se torne uma zona desmilitarizada e administrada temporariamente por um comitê palestino, antes de a autoridade ser transferida à Autoridade Palestina, após reformas internas. O documento também inclui anistia a membros do Hamas que depuserem as armas e um programa econômico internacional de reconstrução e desenvolvimento.
O cessar-fogo representa o desfecho do conflito iniciado em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou Israel, matando mais de 1.200 pessoas e sequestrando 251 reféns. Desde então, segundo estimativas de autoridades locais, mais de 60 mil palestinos morreram em Gaza.