Jovem presa injustamente por seis anos no RS morre dois meses após ser inocentada por júri Fotos: Arquivo pessoal

há 6 dias 11

Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, morreu em Araranguá (SC) apenas 74 dias após ser absolvida por um júri popular. Ela havia passado seis anos presa no Rio Grande do Sul, acusada de homicídio.

Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, não resistiu a complicações de um câncer no colo do útero e faleceu 74 dias depois de ser considerada inocente por um júri popular. A jovem, que havia sido mantida presa por seis anos, foi sepultada na última segunda-feira (27) no Cemitério Municipal de Araranguá (SC).

De acordo com registros da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, Damaris foi presa preventivamente em agosto de 2019. Ela era suspeita de envolvimento no homicídio de Daniel Gomes Soveral, ocorrido em novembro de 2018, em Salto do Jacuí (RS). Segundo o portal g1, a promotoria afirmou que Damaris “ajustou o assassinato juntamente com os denunciados e manteve conduta dissimulada, um relacionamento com a vítima, de modo a fazê-la ir até Salto do Jacuí, local estipulado para a execução”. 

O julgamento da mulher aconteceu em agosto deste ano. O Conselho de Sentença a absolveu de todas as acusações com base na negativa de autoria e na falta de provas.

Damaris Vitória Kremer da Rosa. (Foto: Arquivo pessoal)

O Ministério Público apontava que mais duas pessoas estiveram envolvidas no crime. Henrique Kauê Gollmann é suspeito de ter efetuado o tiro que matou Daniel, e Wellington Pereira Viana, que “concorreu para a prática do fato ao ajustar e auxiliar na organização do homicídio”.

Henrique foi condenado pelo júri e cumpriu pena no Presídio Estadual de Venâncio Aires. Já Wellington ficou preso no Presídio Estadual de Santa Cruz do Sul, mas acabou absolvido das acusações. Ainda de acordo com o g1, a defesa de Damaris sempre alegou que a jovem apenas relatou a Henrique que teria sido estuprada por Daniel, e que, em retaliação, ele teria cometido o homicídio e ateado fogo no corpo da vítima.

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Durante todo o processo, a defesa pediu a revogação da prisão de Damaris, que foi negada pelo Ministério Público e pela Justiça. A jovem relatava problemas de saúde, incluindo sangramento vaginal e dores na região do útero. “Fiz petições manifestando que ela estava tratando câncer e precisava transitar por hospitais. Ainda, havia a oscilação do peso. Pedi remoção da tornozeleira, mas nenhum desses pedidos foi atendido. Ela foi submetida a raio-x, exames, tudo com tornozeleira“, disse a advogada Rebeca Canabarro.

“Apesar da suposta fragilidade na saúde da ré, tal alegação é pautada em mera suposição de doença, tendo em vista que os documentos médicos juntados nos autos apenas apontam a indicação de ingestão de medicamentos, sem apontar qualquer patologia existente e sem trazer exames e diagnósticos”, alegou o Ministério Público.

Prontuário médico de Damaris. (Foto: Reprodução/g1)

Em nota, a Justiça completou: “Não há demonstração suficiente de a ré estar extremamente debilitada por motivo de doença grave, na medida em que os documentos médicos são meros receituários médicos, sem apontar qualquer patologia existente e sem trazer exames e diagnósticos”.

Damaris passou seis anos presa em unidades de Sobradinho, Lajeado, Santa Maria e Rio Pardo. Em março deste ano, diante do avanço do câncer e do estado crítico de saúde, a Justiça autorizou que ela cumprisse a pena em casa.

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Em 18 de março de 2025, a prisão preventiva da ré foi convertida em prisão domiciliar, sendo expedido alvará de soltura. A decisão foi motivada pelo estado de saúde da ré, diagnosticada com neoplasia maligna do colo do útero, necessitando de tratamento oncológico regular”, concluiu o Tribunal de Justiça do RS.

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