Um documentário do Channel 4 revelou resultados de uma análise genética de Adolf Hitler. A pesquisa identificou síndromes e distúrbios hereditários que podem explicar traços físicos e psicológicos do ditador, além de refutar teorias antigas sobre sua origem.
Décadas após a morte de Adolf Hitler, um novo documentário do Channel 4, “O DNA de Hitler: O Projeto de um Ditador”, revelou descobertas surpreendentes sobre a saúde do líder nazista. A produção britânica analisou vestígios de sangue atribuídos ao ditador e apresentou possíveis explicações para seu notório desconforto com mulheres — e para o fato de nunca ter tido filhos.
Durante a vida, Hitler manteve absoluto sigilo sobre seu estado de saúde e a vida íntima, alimentando a imagem de um homem “inteiramente devotado à pátria”. No entanto, quase oito décadas após sua morte, uma análise genética indica que ele sofria da Síndrome de Kallmann — condição hereditária que causa hipogonadismo hipogonadotrófico, reduzindo drasticamente a produção de hormônios sexuais. O distúrbio afeta o desenvolvimento sexual e pode gerar sequelas significativas.
Segundo os pesquisadores, a síndrome pode ter provocado testículos não descidos, micropênis, baixa libido e perda de olfato. O historiador Alex Kay, da Universidade de Potsdam, afirmou que o diagnóstico reforça antigas suspeitas sobre a possível impotência sexual de Hitler.
“Ninguém nunca conseguiu explicar por que Hitler se sentia tão desconfortável perto de mulheres ou por que, provavelmente, nunca teve relações íntimas com elas. Agora que sabemos que ele tinha a síndrome de Kallmann, essa pode ser a resposta que procurávamos”, observou. Kay lembrou ainda que, durante a Segunda Guerra Mundial, a suposta impotência do ditador chegou a inspirar canções satíricas entre soldados.
A análise genética foi conduzida pela professora Turi King, especialista em genética forense da Universidade de Bath. Ao sequenciar o genoma completo, a equipe identificou não apenas a Síndrome de Kallmann, mas também uma alta propensão a TDAH, autismo, transtorno bipolar e esquizofrenia. A pesquisa, no entanto, refuta uma teoria antiga: a de que Hitler teria ascendência judaica.
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“Hitler estava entre o 1% mais alto para autismo, 1% mais alto para esquizofrenia e 1% mais alto para bipolaridade. Sua pontuação está nos níveis mais elevados dos escores poligênicos para cada uma dessas condições”, explicou King. “Com base nesses resultados, especialmente em relação à síndrome de Kallmann, se [Hitler] tivesse sido capaz de analisar o próprio DNA — sem o conhecimento de um geneticista e como se decidisse o destino de outra pessoa — quase certamente teria mandado a si mesmo para as câmaras de gás”, completou.
A geneticista Ditte Demontis, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, destacou que tais condições poderiam ter influenciado traços de paranoia e comportamento antissocial. “Hitler tem uma pontuação muito alta para esquizofrenia e comportamento antissocial. É uma mistura rara e perigosa”, avaliou.
Adolf Hitler foi responsável por um dos maiores massacres da história. (Foto: Getty)Já o psiquiatra Michael Fitzgerald classificou o perfil genético do ditador como de “psicopatia autista criminosa”. Segundo ele, essa combinação ajuda a compreender parte da mente responsável por um dos maiores massacres da história moderna e pela ascensão do nazismo e do Holocausto.
Lesley Davies, produtora que passou anos desenvolvendo o documentário, afirmou que o rigor científico foi prioridade em todas as etapas da investigação. A equipe percorreu diversos “becos sem saída” até obter um fragmento de tecido manchado de sangue encontrado em um sofá no bunker de Hitler.
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“Quando confirmamos que o sangue era realmente dele, foi aí que o trabalho científico de verdade começou. Precisamos verificar e reconfirmar várias vezes, para garantir que todo o mapeamento de doenças fosse baseado em dados sólidos”, contou Davies ao Deadline.
O documentário também detalha a origem da amostra de DNA e o processo completo das análises. Segundo o diretor Chambers, apresentar essa base científica logo no primeiro episódio foi fundamental para garantir credibilidade. “Fazia sentido mostrar o quanto foi difícil chegar até esse ponto — e também porque era uma boa narrativa. Poderíamos ter feito um filme inteiro só sobre essa jornada”, concluiu.
Assista ao trailer abaixo:
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