A brasileira Daniela Marys Costa Oliveira, presa no Camboja após cair em um suposto esquema internacional de tráfico humano, foi condenada a dois anos e seis meses de prisão. O resultado do julgamento foi divulgado nesta quarta-feira (12), pela família da arquiteta, de 35 anos. A defesa dela ainda pode recorrer da decisão.
Em entrevista à revista Marie Claire, a irmã da brasileira, Lorena Oliveira, afirmou que a condenação foi comunicada por meio da ONG Um Grito Pela Vida, que atua no combate ao tráfico humano e proporciona suporte a vítimas e seus familiares. Segundo ela, a família está “muito abalada e triste” com a sentença.
“Ela foi condenada a dois anos e seis meses, com possibilidade de recurso. A Clínica do Direito da UFMG, que nos apoia, já está ciente do caso e preparará tudo o que for necessário, já que minha irmã é inocente e está sendo injustiçada. Não podemos esquecer que ela foi vítima de um esquema de tráfico de pessoas. Não recebemos ainda o comunicado oficial. Fomos informados pela rede Um Grito Pela Vida, que acompanha a Daniela e tem nos dado apoio incondicional nessa situação“, declarou.
Daniela Marys Costa Oliveira está presa há oito meses no Camboja. (Foto: Arquivo Pessoal)Lorena lamentou a situação e disse que o advogado local, responsável pelo caso, abandonou a defesa. Agora, a família busca outro profissional para apresentar o recurso contra a decisão. “Estamos tentando também a ajuda do Itamaraty e seguimos na luta por justiça para ela“, disse. Ao UOL, a irmã salientou que a pena foi injusta e que Daniela é inocente. Procurado pelo site, o Ministério das Relações Exteriores ainda não se manifestou sobre as atualizações do caso.
Relembre o caso
Daniela Marys está presa há oito meses no Camboja, no sudeste asiático, depois de ter caído em um suposto esquema de tráfico humano. Em outubro, a família relatou ao jornal O Globo que a arquiteta viajou ao país em janeiro após receber uma proposta de trabalho em telemarketing.
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Ela contou ter aceito a proposta de emprego, mas que se tratava de um contrato temporário, de seis meses a um ano. Fluente em inglês, Daniela trabalharia com tradução no serviço de telemarketing. O convite, de acordo com a família, chegou por meio de um grupo que oferecia empregos em um aplicativo de mensagens.
“A Dani achou que seria mais uma oportunidade de crescimento, como tinha sido nos outros países. Ela sempre teve propostas honestas antes, então acreditou que seria igual“, disse Lorena à Marie Claire. “Ela ligava mais para a minha mãe, mas as ligações eram estranhas. Parecia que ela estava sendo vigiada. Falava com a cabeça abaixada, sem olhar para a câmera. Depois, confirmou que as chamadas eram controladas. Eram poucas vezes, e sempre muito rápidas“, contou.
Daniela Marys é arquiteta formada pela UFMG. (Foto: Arquivo pessoal)Lorena explicou ter descoberto que Daniela ficou em cárcere privado logo após sua chegada, em fevereiro. “Em março, começou um ‘treinamento’ e percebeu que o trabalho era aplicar golpes. Por isso, ficou desesperada, se recusou a participar e pediu para vir embora. Foi aí que tudo desandou“, relatou a irmã, que não soube especificar quais golpes seriam esses.
Depois de se negar a continuar no local, a arquiteta teria sido avisada de que deveria pagar uma multa. Enquanto tentava reaver o seu passaporte, uma quantia de R$ 27 mil foi transferida pela família. No entanto, a brasileira acabou sendo presa por posse e uso de drogas no dia 26 de março. Segundo informações repassadas por Daniela, cápsulas foram colocadas em seus pertences.
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Daniela está detida na Prisão Provincial de Banteay Meanchey, conhecida por superlotação, mortes e inundações. Conforme o UOL, a brasileira compartilha a cela com outras 89 mulheres e o local não conta com saneamento básico. Comidas e remédios também precisam ser pagos dentro da penitenciária, segundo Lorena.
No mês passado, o Itamaraty chegou a informar que está ciente do caso, e que faz o acompanhamento pela Embaixada do Brasil em Bangkok. “A Embaixada vem realizando gestões junto ao governo cambojano e prestando a assistência consular cabível à nacional brasileira, em conformidade com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas“, diz a nota.
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