Arrastão do Círio reúne tradição e ancestralidade em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré em Belém

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Com apoio do Governo do Estado, a 23ª edição do Arrastão do Círio transformou a manhã deste sábado (11), em Belém, em uma celebração de fé, cultura popular e ancestralidade. O cortejo teve início às 9h30, com o tradicional “Ritual de Abertura” e a “Roda Ancestral”, reunindo cantos e danças de povos indígenas e quilombolas em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré.

A manifestação integra a programação oficial do Círio de Nazaré, um dos maiores eventos religiosos do Brasil, e reforça o compromisso do Estado com o fortalecimento das expressões culturais amazônicas. No momento da chegada da imagem peregrina do Círio Fluvial, na escadinha do Cais do Porto, o Batalhão da Estrela fez sua saudação com ritmos paraenses.

Barca Rainha das Águas: símbolo amazônico no cortejo

Diferente dos tradicionais arrastões juninos, o Arrastão do Círio incorpora elementos únicos ligados à simbologia mariana e à cultura ribeirinha. O destaque é a Barca Rainha das Águas, uma representação da carpintaria naval tradicional da Amazônia e do Círio Fluvial, substituindo o icônico Boi Pavulagem nas homenagens.

“É difícil até falar porque a emoção já tomou conta da gente. A possibilidade de Nossa Senhora chegar aqui conosco pra que a gente possa homenageá-la, é uma emoção muito grande. Mas tá tudo preparado com muito carinho, ficou muito bonito”, declarou Júnior Soares, músico e cofundador do Arraial do Pavulagem.

Fé, arte e pertencimento

Com uma programação marcada por música, dança e encenações teatrais, o cortejo também trouxe mensagens de preservação da floresta e dos rios da Amazônia, conectando fé e consciência ambiental. “A gente prepara toda uma encenação, ensaia diariamente pra poder fazer essa linda apresentação que vocês estão vendo e quando chega aqui é impossível não se emocionar, ver ela passar, ver a alegria das pessoas”, contou Bianca Lima, colaboradora da equipe de pernaltas.

O Arrastão do Círio também reforça o papel da festa como espaço de inclusão. Socorro Cabelo, por exemplo, quase desistiu de participar após um acidente, mas foi incentivada pela comunidade. “Falei que eu não ia mais participar só que as pessoas disseram ‘não, a senhora vai nem que seja de cadeira de roda’, e com toda sinceridade, que bom que vim porque o arrastão pra mim é uma libertação. Você pode estar de qualquer jeito, chateado, mas esquece tudo. Tenho muita gratidão pelo Arraial do Pavulagem e amo essa homenagem. Tenho muita esperança em Nossa Senhora”, afirmou.

Tradição que atravessa gerações

O evento também reúne participantes de diversas regiões do estado, como Rosiana Sorvagaia, que veio de Cametá com a família. “Vou acompanhar o arraial porque é uma emoção das mais fortes, não tem como segurar, é por isso que eu venho todo ano. Já deixo a minha roupa toda pronta pra vir pra Belém e agora tô esperando a nossa mãezinha pra ver ela passar, dar bênção pra gente”, contou emocionada.

Claudia Lopes, que participa há anos do Arraial do Pavulagem junino, desfilou pela terceira vez no Arrastão do Círio. “Sou da percussão, toco a maraca e saio no arrastão pra fazer essa homenagem à santinha e agradecer cada vez mais pela minha saúde. Só estando aqui pra entender o quanto é emocionante”, relatou.

Encerramento com show na Praça Dom Pedro II

Após acompanhar a saída da Moto Romaria, o cortejo seguiu até a Praça Dom Pedro II, no centro histórico de Belém, onde o Arraial do Pavulagem realizou o tradicional show de encerramento do evento, reunindo centenas de pessoas em uma celebração de fé e cultura popular.

Texto: Juliana Amaral/ Ascom Secult

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