Se a morte de Odete Roitman (Debora Bloch) já havia deixado o público dividido, o capítulo seguinte do remake de “Vale Tudo” jogou a novela no terreno da paródia — e a reação foi imediata, feroz e quase unânime: virou comédia pastelão.
A principal crítica é simples e direta: Manuela Dias prometeu um remake, entregou “Casseta & Planeta”. A mudança de tom foi tão brusca que muitos sentiram estar vendo um especial do “Zorra Total”, não um capítulo de uma das novelas mais emblemáticas da dramaturgia brasileira. “Ela achou que estava escrevendo algo para a TV Pirata”, disse um espectador no X.
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A delegacia — ponto de partida natural para um arco de suspense, tensão e revelações — virou palco de piada. O delegado, figura chave para a condução dramática da investigação, foi transformado em alívio cômico. No lugar do clima pesado da morte de uma das maiores vilãs da história da teledramaturgia, o que se viu foi bolão de apostas do Vasco (Thiago Martins), piadas sem ritmo e personagens rindo da defunta.
“Ao invés de tensão, a direção foi pra um caminho cômico que tira todo o peso do mistério”, resumiu um usuário indignado. A ausência da cena da Heleninha (Paolla Oliveira) reagindo rindo à morte de Odete — uma das mais aguardadas pelo público — foi substituída por uma sequência de cenas triviais e humorísticas com personagens secundários. A palavra que surgiu repetidamente nas redes sociais foi revoltante.
A Globo também não saiu ilesa. Muitos apontaram que, apesar dos lucros com audiência e publicidade, a emissora entregou uma obra que desrespeita a original. Houve até quem questionasse se o público foi infantilizado ao ponto de aceitar esse tipo de adaptação:
“Será que nos emburrecemos tanto assim como público, desde a última versão, pra empurrarem essa patacoada?”. Alguns espectadores pedem até que a novela mude de nome, como fez “Haja Coração” com o remake de “Sassaricando”, assumindo seu novo tom e linguagem. “Teria sido mais honesto alterar o nome da novela”, escreveu um outro telespectador referindo-se à trama escrita por Daniel Ortiz.
Outros pedem a reprise da versão de 1988 para “compensar o tempo perdido” com o remake atual. No centro das críticas está a frustração de quem acompanhou a obra original e esperava rever a força dramática de um clássico, não um pastiche. Há quem veja desleixo. Há quem veja oportunismo. Mas o consenso é que, se “Vale Tudo” queria homenagear um ícone, o efeito foi o oposto: virou motivo de piada — e não das boas.