Opinião: O sucesso de “Vale Tudo” é inegável; só não dá para chamar a novela de remake

há 2 dias 5

Recentemente, no “Jornal dos Famosos”, na LeoDias TV, o Leo Dias me questionou sobre eu estar criticando demais “Vale Tudo” e não reconhecer que a novela é um sucesso. Então vamos esclarecer: sim, “Vale Tudo” é um sucesso. Arrisco dizer que é o maior sucesso da teledramaturgia brasileira desde “Avenida Brasil”, em 2012. Mas a que preço?

Desde a saga de Carminha (Adriana Esteves) e companhia, não vemos uma novela provocar tanta movimentação. As pessoas comentam, discutem, ajustam a rotina por causa dos capítulos. Tem gente que desmarca compromisso para assistir. Isso é a essência da novela brasileira quando atinge seu auge: virar assunto nacional. Nesse sentido, “Vale Tudo” é um sucesso inegável.

A minha crítica nunca foi contra o sucesso. Minha crítica é contra o rótulo de “remake”. O que está no ar não é “Vale Tudo” de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Não é a novela antológica de 1988, que entrou para a história como “a novela das novelas”. O que a gente está vendo é uma outra obra, com outra narrativa, outros rumos, ainda que se inspire na original.

Se dissessem desde o começo que se tratava de uma releitura, de uma inspiração, de um olhar contemporâneo sobre “Vale Tudo”, perfeito. Mas chamar de “remake” um trabalho que modifica pilares da trama é, no mínimo, impreciso. E é aí que entra a minha crítica.

Porque “Vale Tudo” não é só uma novela. “Vale Tudo” é um patrimônio da teledramaturgia brasileira. E mexer na estrutura desse patrimônio — como a Manuela Dias está fazendo — é algo que, na minha visão, não funciona.

Então, para deixar claro: não critico o sucesso. Critico a maneira como se está lidando com um clássico. “Vale Tudo” é, sim, um sucesso. Só não é o “Vale Tudo” que nos prometeram. É um sucesso disfarçado de remake, e é isso que me incomoda. Porque se você promete entregar a Mona Lisa e aparece com uma releitura de arte moderna, não adianta dizer que o quadro ficou bonito: você enganou quem foi visitar o Louvre.

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