Estudo sueco mostra que uma em cada quatro crianças com o problema grave foi diagnosticada posteriormente com o transtorno.
quarta-feira, 08/10/2025, 21:29
- Autor: Tarik Duarte - Fonte: TNH1
O estudo acompanhou 2.518 crianças entre 6 e 18 meses de idade. As famílias participantes responderam a questionários, com taxa de resposta de 83%. | Reprodução / Freepik
Fazer bebês dormirem representa um desafio para muitas famílias, mas quando a resistência ao sono se torna um padrão persistente, pode indicar algo além da simples birra infantil.
Especialistas alertam que problemas severos de sono nos primeiros anos de vida podem ser um indicador precoce do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
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O psiquiatra Sérgio Nolasco, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência pela Unicamp, explicou durante o 17º Congresso Brasileiro de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), realizado em Porto Alegre entre 17 e 20 de setembro, que alterações no padrão de sono representam um sintoma frequente e inicial do transtorno.
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Pesquisa sueca revela conexão preocupante
Uma investigação desenvolvida na Suécia demonstrou que aproximadamente uma em cada quatro crianças com dificuldades graves para dormir na primeira infância recebeu diagnóstico de TDAH anos depois.
O estudo acompanhou 2.518 crianças entre 6 e 18 meses de idade. As famílias participantes responderam a questionários, com taxa de resposta de 83%.
Os pesquisadores selecionaram dois grupos específicos de crianças entre 6 e 12 meses: 27 com problemas graves e crônicos de sono e outras 27 sem dificuldades significativas.
Quando as crianças completaram 5,5 anos, sete daquelas que apresentavam distúrbios do sono preencheram os critérios diagnósticos para TDAH. Nenhuma criança do grupo controle desenvolveu o transtorno.
Embora os cientistas reconheçam que os dados ainda são preliminares, consideram os resultados importantes para orientar pais e pediatras sobre sinais que merecem investigação aprofundada.
Cérebro com TDAH funciona de forma diferente
Segundo Nolasco, pessoas com TDAH enfrentam dificuldades para regular o funcionamento cerebral. O transtorno está associado principalmente a um atraso no desenvolvimento do córtex cerebral, a camada externa do cérebro responsável por funções cognitivas complexas.
"É comum ouvir de pessoas com TDAH frases como: 'Eu tenho dificuldade de dormir e relaxar, porque tenho dificuldade de parar de pensar'", observou o especialista.
Embora ainda existam muitas discussões sobre as causas desse padrão, pesquisadores já identificam que, geneticamente, o TDAH pode estar relacionado a alterações em genes que controlam os ritmos circadianos — o relógio biológico que regula ciclos de sono e vigília.
Pessoas com TDAH tendem a ser vespertinas
Estudos também sugerem que indivíduos com TDAH apresentam maior dificuldade de ativação matinal, funcionando melhor no período da tarde e noite.
"Em geral, os jovens têm um desempenho cognitivo melhor à tarde. Alguns países chegaram a atrasar o início das aulas para adolescentes, considerando esse tipo de avaliação", explica Nolasco.
"Mas, no caso de pessoas com TDAH, isso parece ser mais persistente. Não é só essa fase da vida", completa o psiquiatra, indicando que o padrão vespertino se mantém mesmo após a adolescência.
Importância do diagnóstico precoce
Identificar sinais de TDAH nos primeiros anos de vida permite intervenções mais precoces, melhorando significativamente a qualidade de vida das crianças e suas famílias.
Pais que observam padrões persistentes de dificuldade para dormir devem consultar pediatras e, se necessário, buscar avaliação com especialistas em desenvolvimento infantil.
O TDAH é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais comuns na infância, afetando entre 5% e 8% das crianças em idade escolar. Quando diagnosticado e tratado adequadamente, as crianças podem desenvolver estratégias para gerenciar os sintomas e ter desenvolvimento saudável.
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