Bruna Araújo, de São Bernardo do Campo (SP), está em estado crítico após consumir vodca contaminada com metanol em show de pagode. O caso integra uma onda nacional de intoxicações, com 225 ocorrências em investigação e mortes registradas em São Paulo.
O que era pra ser uma noite de diversão terminou em pesadelo para Bruna Araújo de Souza, moradora de São Bernardo do Campo (SP). A jovem está internada em estado crítico após apresentar sintomas de intoxicação por metanol. Ao Fantástico, exibido neste domingo (5), a amiga da vítima disse que ela começou a passar mal poucas horas depois de beber vodca misturada com suco de pêssego durante um show de pagode.
Em um áudio enviado antes de ser hospitalizada, Bruna descreveu a sensação de mal-estar que tomou conta de seu corpo. “A sensação é horrível. Parece que eu vou desmaiar. Eu não consigo nem olhar pra tela do celular”, contou à amiga. Em outra mensagem, a vítima reforçou o quanto se sentia debilitada: “Eu tô aqui destruída, destruída. Parece que eu tomei a cachaça desse mundo todinho”.
Ouça o áudio:
‘Parece que vou desmaiar’: mulher relata sintomas de intoxicação por metanol após tomar bebida contaminada pic.twitter.com/dwpucqbEbV
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) October 6, 2025
De acordo com o Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, onde está internada, Bruna chegou com sintomas severos, incluindo tontura, vômitos e perda temporária da visão. “Todo o suporte foi muito rápido, mas, pela gravidade com que ela chegou, não temos conseguido o êxito que esperávamos”, afirmou Fábio Silveira Araújo, diretor da unidade.
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A amiga Diana Pereira contou ao dominical que o quadro de Bruna piorou rapidamente após o evento: “A Bruna é uma mulher guerreira, batalhadora. Eu quero que ela saia desse hospital e possa retomar a vida dela”.
Bebida “batizada”
O processo, conhecido como “batismo”, consiste em falsificadores retirarem parte de bebidas de marcas reconhecidas, como gin e vodca, e adicionarem metanol. O produto adulterado é então colocado à venda. Os sintomas podem surgir horas após o consumo e incluem dores abdominais intensas e perda da visão.

Segundo o ministro da Justiça, a quantidade de casos de intoxicação por metanol registrada em São Paulo é fora do comum. Normalmente, esse tipo de envenenamento acontece entre pessoas em situação de vulnerabilidade, mas o cenário atual apresenta um aumento inesperado. Após os registros de contaminação, um sistema do governo federal responsável por monitorar casos de intoxicação de origem desconhecida em todo o país acionou um alerta em nível nacional.
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Os ocorridos fazem parte de uma onda de casos que vem sendo investigada em várias regiões do país. Até agora, há 225 ocorrências sob apuração. Em São Paulo, dois homens morreram após consumir destilados em um bar na Mooca, na zona leste. O local foi fechado pelas autoridades.

Embora não seja algo tão comum, episódios semelhantes já ocorreram no Brasil em diferentes datas. Em julho de 1990, 18 pessoas morreram na Bahia após beberem pinga adulterada com metanol. Dois anos depois, em dezembro de 1992, outras vítimas foram internadas em Diadema (SP) depois de consumirem bebida alcoólica a uma confraternização, levando a morte de três jovens. Eles ingeriram o chamado “bombeirinho”, feito com vodca, groselha e limão.
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O problema voltou a preocupar os especialistas entre 2016 e 2023, quando 11 homens em situação de rua morreram vítimas de envenenamento pelo liquido. O surto acendeu um alerta entre pesquisadores, mas teve pouca repercussão pública.
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